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D. Pedro I

D. Pedro I (n. em Coimbra a 8 de Abril de 1320, m. a 18 de Janeiro de 1367), oitavo Rei de Portugal, filho de D. Afonso IV e de D. Beatriz de Castela, cognominado O Justiceiro ou O Cruel. Coroado rei em 8 de Maio de 1357, é especialmente renomado pelo episódio dos seus amores ilícitos com Inês de Castro, sendo a história dos seus amores um dos principais mitos da Língua Portuquesa.


Tem sido amplamente discutido o carácter de D. Pedro, complexo, irascível, sádico e obcecado pela aplicação de justiça, factores que resultaram na sua dupla cognominação – O Cruel e O Justiceiro – e que reflectem, respectivamente, a sua complexa personalidade e a obsessão pelo castigo, frequentemente desproporcionado e de critério discutível (como afirma J. Veríssimo Serrão). Parece, no entanto, ter gozado de franca popularidade.

Enquanto administrador do reino, D. Pedro revelou prudente sapiência ao enveredar por uma política de neutralidade no que toca às lutas peninsulares. Já a nível interno, conduziu importantes medidas legislativas, como a regulação dos prazos dos despachos administrativos e judiciais e a instauração do beneplácito régio, destinado a prevenir a circulação de documentos papais sem a anuência do Rei, prática que conduzira a abusos e prejuízos múltiplos. 

A posteridade associará sempre D. Pedro ao seu relacionamento com Inês de Castro, que, mais ou menos romanceado, se tornou parte integrante da Cultura e da História Portuguesa. Este acontecimento, profundamente marcante dos reinados de D. Afonso IV e de seu filho D. Pedro, continua a ser alvo de controvérsia em virtude do tema da confluência entre matérias de estado e do foro privado.

Inês de Castro chega a Portugal integrada na comitiva da princesa D. Constança em 1340, quatro anos depois do casamento por procuração com o herdeiro do trono português, D. Pedro. Rezam as crónicas que este terá ficado enamorado da dama de companhia da sua esposa, numa ligação que geraria quatro filhos. Com a morte de parto de D. Constança (ao dar à luz o futuro rei D. Fernando), D. Pedro passa a viver maritalmente com D. Inês, gerando uma situação de escândalo público. Para agravar a situação, D. Pedro instala a amante perto do Mosteiro de Santa Clara, acção, como refere J. Veríssimo Serrão, injuriosa para a memória da Rainha Santa. D. Afonso IV terá realizado esforços para conter o escândalo mas, perante a pressão dos seus conselheiros, armados do argumento da perigosa influência crescente dos irmãos de D. Inês na política nacional e da existência de bastardos que poderiam fazer perigar a futura ascensão de D. Fernando ao trono, acaba por lhes permitir decidir sobre o futuro da amante do seu filho. Assim, a 7 de Janeiro de 1355, D. Inês é assassinada, gerando louca fúria em D. Pedro e conduzindo a uma devastadora guerra civil que duraria até 15 de Agosto de 1356, data em que é celebrado o acordo de paz entre pai e filho, em muito resultado da acção conciliadora da rainha D. Beatriz. Sete meses mais tarde, D. Afonso IV morre e D. Pedro ascende ao trono, o que lhe permite vingar a morte de D. Inês com o brutal assassínio de dois dos seus executores (contrariando o que prometera no tratado de 1356) e ainda tentar provar que secretamente casara com Inês.

O nome de D. Pedro ficaria assim associado a esta narrativa de amor e vingança, eventos que obscurecem as suas acções administrativas e diplomáticas e que parecem sustentar as interpretações sobre a instabilidade das suas emoções e a complexidade do seu temperamento.   


D. Pedro I e o Mosteiro de Alcobaça

Por força da sua ligação à região centro do País e pelo facto de o Mosteiro de Alcobaça ser o mais nobre Panteão do Reino, o monarca decide, após a morte trágica da sua amada em 1355, mandar construir duas monumentais arcas tumulares para deposição dos respectivos restos mortais.

O corpo de Inês de Castro foi trasladado para o Mosteiro de Alcobaça em 1361, ocupando uma magnífica Arca Tumular.

Por ordenação testamentária, D. Pedro I é também sepultado neste Mosteiro à data da sua morte, 1367, ocupando outra magnífica Arca Tumular, cuja iconografia se entrecruza com a de Inês de Castro, constituindo em conjunto reconhecidas obras primas da escultura tumular gótica europeia.

Inicialmente, os túmulos foram colocados no braço Sul do Transepto, lado a lado. Após várias mudanças ocorridas ao longo dos séculos, voltaram ao Transepto da Abacial de Alcobaça onde se encontram frente a frente.

 

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