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D. Sebastião

D. Sebastião (n. em Lisboa a 20 de Janeiro de 1554, m. na Batalha de Alcácer Quibir a 4 de Agosto de 1578), décimo sexto rei de Portugal, filho do Príncipe D. João e neto de D. João III, cognominado O Desejado.


D. Afonso, herdeiro do Trono e último dos 9 filhos de D. João III e de D. Catarina de Áustria, morrera a 2 de Janeiro de 1554 com dezasseis anos, deixando a sua esposa, D. Joana, grávida. Perante a ameaça de incorporação da Coroa Portuguesa na Casa Real de Espanha, só o nascimento de um príncipe poderia salvaguardar a Independência de Portugal. Neste cenário, o nascimento de D. Sebastião tornou-se motivo de grande euforia e comoção nacional.

A morte de D. João III deixou a Rainha D. Catarina na regência da Coroa até ao dia em que D. Sebastião completasse 14 anos de idade. A educação do muito jovem D. Sebastião foi também deixada ao seu cuidado, uma vez que a sua mãe, a princesa D. Joana, regressara à Espanha nativa. Poder-se-á discutir a importância dos mestres e preceptores na educação de D. Sebastião e na formação do seu fervoroso e religioso carácter, mas interessa especialmente sublinhar a sua personalidade, fria mas pouco equilibrada e possivelmente afectada por uma grave enfermidade que o próprio terá agravado com o seu gosto pela prática de exercícios violentos. De tendência despótica, D. Sebastião não considerava opiniões adversas à sua e atentava apenas às razões dos seus caprichos e desejos de glória cavaleiresca.

Por inúmeras vezes foram sugeridas rainhas a D. Sebastião, mas este, misógino e pouco ou nada empático, evitava o assunto e recusaria sempre o comprometimento matrimonial, excepto quando pediu a mão de D. Clara Eugénia a Filipe II de Espanha com o intuito de recrutar apoios para a campanha africana. Na verdade, com o desenvolvimento da sua obsessão pelo norte de África, cujas possessões portuguesas na época se limitavam às praças-fortes de Ceuta, Tânger e Mazagão como resultado da política de abandono de D. João III (devido aos elevados custos de manutenção), D. Sebastião foi ficando progressivamente absorvido pela ideia de criar um exército capaz de realizar grandes feitos militares em Marrocos. Assim, imiscui-se na guerra civil magrebina entre Mulei Mafamede e Mulei Moluco, aliando-se ao primeiro contra o segundo, detentor de formidável exército.

Desejoso de se cobrir de glória, D. Sebastião recusa inclusivamente as conversações sugeridas por Mulei Moluco, a quem não agradaria, apesar da sua superioridade militar, o confronto. O contigente português, de 25000 efectivos, em grande parte descontente, desmoralizado ou simplesmente mal preparado, acabaria derrotado em Alcácer Quibir, onde as forças magrebinas teriam também pesadas perdas e onde pereceriam os três reis: Mulei Mafamede, Mulei Moluco e D. Sebastião. Este último depauperara a nação, condenara a sua juventude e alienara a sua independência, deixando apenas, como herança, o mito do seu regresso, nascido do desespero popular nos dias que se seguiram à chegada da notícia do desastre de Alcácer Quibir.


D. Sebastião e o Mosteiro de Alcobaça 

D. Sebastião terá visitado várias vezes o Mosteiro de Alcobaça, fruto da ligação estreita que mantinha com o seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique, que por diversos períodos aí se recolheu. Será, principalmente, por ter ordenado pela primeira vez a abertura dos Túmulos de Pedro e Inês que o jovem Monarca é frequentemente associado à Abadia alcobacense.
Desconhece-se se D. Sebastião era um apaixonado ou crítico dos amores ilícitos de Pedro e Inês mas, de facto, existe um documento escrito que data a ordem de abertura dos túmulos, no ano de 1569. 

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